"É a imagem na mente que nos une aos tesouros perdidos, mas é a perda que dá forma à imagem." Colette

sábado, dezembro 23, 2006

Pausa...



Pausa em Cuidados Paliativos. Retorno na terça-feira, pós-Natal...
No momento eu me dedico a cuidar de um paciente que tem chance de cura, cuja cirurgia foi há uma semana. Ele teve alta, teve uma complicação estúpida no dia seguinte e retornou ao hospital. Passará o Natal lá, comigo.

Há dois dias acolhi a filha de uma paciente que acabava de entrar em processo de morte. A mãe, a paciente, sempre protegeu a filha, perfeita irresponsável. A mãe também foi como a filha um dia. Daí aquela afirmação de que seremos iguais à nossa mãe com o passar dos anos. Ou que somos iguais, isso é fato.

Conversei com ela, que parasse de forçar a mãe a ingerir alimentos, pois ela não tinha vontade, sequer necessidade de comer. Disse que deveria permanecer mais ao seu lado ( da mãe) e que conversasse com ela, mesmo que não obtivesse resposta.

A reação foi tão surpreendente. Ela saiu pulando feito uma criança que espera pelo Papai Noel, numa total negação do que estava por acontecer.

Não sei como está nossa paciente neste momento. Se já partiu, ou permanece quietinha em seu leito, sem querer partilhar algo com quem quer que seja. Outra médica estará de plantão...Porém, sinto que ela já se foi.

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Um bom Natal!
Com harmonia, paz e tranqüilidade.
[Natal em Moscou - Imagem do UOL]

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Do they know it´s Christmas time


It's Christmas time
There's no need to be afraid
At Christmastime, we let in light and we banish shade
And in our world of plenty we can spread a smile of joy
Throw your arms around the world at Christmas time
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Lembro dessa música, de 1984. Século passado, né?
Estava na faculdade de medicina e achava tudo lindo, até ouvir a música e ler sobre a miséria na Etiópia. Queria ser cirurgiã, mas detestava a postura dos cirurgiões que eu conhecia, alguns professores meus.
Na residência médica de cirurgia geral comecei a achá-los mais idiotas ainda, mas eu estava entre eles. Era um deles.
Na residência de especialidade cirúrgica, mais idiotas.....Nos congressos da sociedade, sempre os mesmos idiotas. No centro cirúrgico do hospital público, mais idiotas-cretinos-imbecis ainda. E eu querendo que um babaca assim explique ao doente o que ele tem e o porquê de lhe retirarem os testículos num tratamento de câncer de próstata. Pois é. Existe gente assim, que não fala nada ao doente e quando ele acorda, vê que alguma coisa está errada. Dá para imaginar isso?
Daí. quando eles não têm mais nada para oferecer ao doente, dizem nada e dão alta. O cara nem sabe o nome da doença, só sabe que é "ruim".
Para 2007, quero ser mais paliativista.
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